Desvendando a Crise da Unimed Cuiabá: Implicações e Propostas para um Futuro Sustentável

Por Ueber Roberto de Carvalho
A Unimed Cuiabá, uma das maiores operadoras de planos de saúde no estado de Mato Grosso, está passando por sérias dificuldades financeiras que afetam tanto seus médicos cooperados quanto seus clientes. Informações veiculadas na imprensa indicam que a empresa acumula um déficit aproximado de R$ 400 milhões, consequência de uma gestão irresponsável por parte da diretoria antecessora. A gestão atual, empossada em abril deste ano, propõe um plano de recuperação que engloba a divisão dessa dívida entre os mais de 1.500 médicos que compõem a cooperativa. Então, o que exatamente é uma cooperativa de trabalho médico e quais são as responsabilidades dos seus membros? Uma cooperativa é uma associação voluntária de pessoas que, juntas, realizam uma atividade econômica de maneira conjunta e democrática, com o objetivo de beneficiar todos os envolvidos. Na Unimed Cuiabá, os médicos são proprietários e usuários do negócio, ou seja, fornecem serviços médicos aos clientes e recebem uma compensação por isso. Além disso, eles participam das decisões administrativas e financeiras da empresa através de assembleias e conselhos. Ser cooperado traz vantagens como a força e a estrutura de uma rede que oferece melhores condições de trabalho, maior autonomia profissional, maior poder de negociação com fornecedores e clientes, além de benefícios sociais e educacionais. No entanto, também implica em assumir riscos e responsabilidades compartilhadas com os demais membros da cooperativa. Isso significa que os médicos devem contribuir com o capital social da empresa, cumprir as normas e regulamentos internos da cooperativa, participar ativamente de assembleias e eleições dos órgãos de administração e assumir eventuais perdas ou danos que a cooperativa possa sofrer. A diretoria da Unimed Cuiabá é composta por um presidente, um vice-presidente e cinco diretores, eleitos pelos cooperados para um mandato de três anos. É responsabilidade da diretoria planejar, organizar, coordenar e controlar as atividades operacionais, financeiras, comerciais, jurídicas e institucionais da cooperativa. Também cabe a ela prestar contas aos cooperados sobre a situação econômica e social da empresa e os resultados obtidos. Os cooperados têm o direito de fiscalizar a gestão da diretoria através do conselho fiscal, um órgão independente formado por três membros efetivos e três suplentes, eleitos para um mandato de um ano. Este conselho fiscal tem a obrigação de examinar os livros contábeis, os balanços e os relatórios da diretoria, emitindo pareceres sobre as contas e operações da cooperativa. Portanto, a crise financeira da Unimed Cuiabá é um problema que afeta não apenas a diretoria e os médicos cooperados, mas toda a sociedade que depende dos serviços prestados pela empresa. Neste sentido, é crucial ter transparência nas informações, diálogo entre as partes envolvidas e busca por soluções conjuntas que garantam a sustentabilidade e qualidade da cooperativa. Agora, permitam-me compartilhar minha opinião. Considero que a proposta da atual diretoria de dividir o prejuízo entre os médicos é injusta e possivelmente ilegal. É injusta por penalizar os profissionais que trabalharam honestamente e que não são responsáveis pela má gestão da diretoria anterior. Pode ser ilegal por violar o princípio da limitação das perdas dos cooperados ao valor de suas cotas-partes, conforme estabelecido na Lei 5.764/1971, que regulamenta as cooperativas no Brasil. Acredito que esta medida pode comprometer a qualidade dos serviços prestados aos clientes, gerando insatisfação, desmotivação e eventual saída dos médicos da cooperativa. Portanto, defendo que a solução para a crise deve ser buscada de forma coletiva e participativa, envolvendo todos os interessados, inclusive clientes, fornecedores, funcionários e órgãos reguladores. Só assim será possível superar essa situação e garantir o futuro da Unimed Cuiabá.